27 de março de 2009

Após Vigiar.

Pois então. Mais uma vez, escrevo um blog que, certamente, no futuro, será abandonado. Problema dele, não meu. Eu continuo bem e sem neurose, sem escrever aqui... =P
E o assunto de início não poderia ser outro...

WATCHMEN

Eu não ia ao cinema desde Batman: O Cavaleiro das Trevas. Curiosamente, são os filmes baseados em comics que me façam levantar, catar uma grana e ir pro tal do cinema. Desse jeito, até parece que não curto cinemas, mas não é. O que me incomoda é que, aqui, o cinema é dentro do shopping center. Em Minas Gerais -- mais precisamente em São João del Rey --, o cinema era apenas salas de cinema. Sacaram?! Você entrava, pagava a entrada e um refri, sentava e assistia ao filme!! Sem emos, sem pattys, sem adolescentes sem senso de ridículo. Sem casais médio-burgueses com atitudes questionáveis. Sem ter que, ao ficar parado, esperando o horário, virar uma atração de circo de horrores!

É perfeito.

Mas me divirto em shoppings, na verdade... Onde mais poderia assustar pessoas aparecendo, do nada, nas sombras, atrás delas?! Mas vamos ao filme, aos comics e afins.


Primeiramente, se não foi assistir, vá logo! E, se tiver grana sobrando, me chame que vou junto. É um filme muito bonito, muito bem produzido. Não entendo como, mesmo com todo hype, foi tão "mal-sucedido" nas bilheterias. Claro, a Warner queria outro TDK e seu um bilhão de dólares. Mas, cara, uma obra como essa nunca atrairia o mesmo público do Batman. Batman -- assim como o Superman -- faz parte da formação cultural das pessoas. De 1987 até idos de 2000, era um filme do Morcego à cada 3 anos, em média. Pode conferir. E geral curtia, até os do Joel Schumacher (Que são horríveis, diga-se de passagem, mas assisti a todos e adorei, naquela época.)

Mas vou te contar: Zack Snyder fez um trabalho apaixonado, de quem leu, releu e estudou a obra de Alan Moore e Dave Gibbons. E, imagino, se o barbudo Moore aceitasse apoiar ou supervisionar os trabalhos relativos a suas HQs, a coisa teria chegado a um nível sem precedentes.


E, apesar disso, tá tudo -- ou quase tudo -- lá: Rorschach e sua justição sociopata, as Spectrais e seus corpos deliciosos, o Comediante e sua fúria sofrida, Dr. Manhattan e seu poder supremo, o Coruja e sua humanidade e Adrian Veidt, o Ozymandias, com sua inteligência e fatalidade.

Se eu fosse discorrer sobre cada elemento, levaria uma vida e umas 50 postagens. Talvez, futuramente, se eu adquirir o DVD, volte a discutir alguns aspectos. Porém, tem alguns que não posso deixar escapar, agora.

A forma utilizada para apresentar os antigos Minutemen seus feitos e posteriores envolvimentos históricos foi extremamente inteligente. O Comediante matando Kennedy, e não Lee Harvey? Genialidade pura. Outros eventos que me marcaram foram a execução dos "hippies" (A menina que colocou a flor no fuzil partiu corações, mesmo que sua morte não tenha sido mostrada...), o Traça sendo levado ao hospício e o beijo de Sillhouette e e sua namorada. Caraca, foi genialidade pura, já mencionei?!

Outra coisa que me deixou de cara no chão foi a beleza estética. Personagens, composições, cenas de ação desenfreada e cenários... A própria fotografia... Tudo muito calcado na obra origina e voltado para uma beleza artística. As óbvias mudanças nos uniformes -- que eram necessárias, sim; nem se discute -- ficaram excelentes, por exemplo. Como já mencionei, Spectral (mãe e filha), além de serem atrizes muito, muito bonitas ("Cara, onde acho uma mina dessas pra mim?!"), tiveram, através do costume designer, uma retratação fantástica. O colante da Spectral "atual" ficou muito, muito sexy e muito mais aceitável que o original (Que já não achava grande coisa antes do filme) e a Spectral original era uma verdadeira e caliente pin-up.

E, no quesito gatas, mesmo que Malin Akerman tenha recebido maior destaque, quem tomou meu coração foi a Sillhouette. Meu, o que era aquela mulher??! Linda, linda demais! Claro, tinha um trabalho de maquiagem e figurino, mas a beleza dela era daquele tipo indefinível. Se me disserem "Ah, ela é persa", acredito. Ao meu ver, em questão de beleza física, as meninas da Pérsia batem todo mundo. Assim como Apollonia Vanova. Só que, na real, ela é eslovena. E, além disso e ser atriz, ainda é modelo de musculação, cantora de ópera e escultora. Perfeitinha! E curte um chocolate preto (Sacaram??!)!

Tem como não querer uma mina dessa??!


Voltando ao normal, agora...

Não perderei tempo falando de como Dr. Manhattan era uma efeito gráfico muito bem trabalhado. Tá lá e você pode ver. O que me pega -- fora a Apollonia aqui... -- é o Rorschach, mesmo. Cara, ainda bem que o Snyder se ligou e valorizou muito o personagem, no filme. Na HQ, falando à real, também é assim. Só que o trabalho sobre ele foi muito esmerado. A computação gráfica utilizada na máscara foi o melhor: parecia, realmente, uma tinta se movendo, formando as marcas de Rorschach. E o ator, Jackie Earle Haley, mostrou serviço, pode crer. Conseguiu representar, perfeitamente, o sofrimento, a loucura e o senso de justiça do personagem. E, caraca, o fim dele... Bom, assistindo, você entende. O triste é que você sai pensando: "Ele não se rendeu. E nem fez acordos. E não merecia aquilo."

Rorschach comanda, resumindo. É o que todos queríamos ser.




E, junto com Rorschach, um personagem que passa batido pra muita gente, principalmente quem não leu os quadrinhos, é Bubastis, a lince geneticamente modificada de Adrian Veidt. Simpatizo demais com esse singelo monstrinho, hehehe... Pena que só apareceu nos minutos finais e logo fez caput!, mas ficou bem legal. Só achei a movimentação dela meio artificial... Imagino que, para um animador de CG, criar uma lince gigante púrpura se movendo pelo cenário deva ser, certamente, de grande dificuldade...

Entretanto, dificuldade mesmo é trazer uma história criada e ambientada na décade de 1980 para os dias de hoje. Muitos não notarão, mas tem detalhes ali que são, sem dúvida alguma, marcas de uma época. Um caso é, novamente, Sillhouette. No original, a personagem foi expulsa dos Minutemen por ser, como se vê no filme, homossexual. Entretanto, na versão das telas, isso passa sem problemas (O que rendeu aquele beijo fenomenal...) e, sobretudo, mostra-se o casal numa janta com os demais heróis mascarados. Isso, contudo, rendeu um fim trágico, igualmente...

Outra dificuldade, percebo, foi o final. Admito que não gostei da solução encontrada, mas ficou bom, razoavelmente bom. Prefiro muito o original e, penso comigo, seria uma solução estética incrível mostrá-lo no cinema, fazendo uma representação mais atual... Algo como Cloverfield - O Monstro. Mas, vá lá, deu pro gasto e ficou inteligente.

Finalizando, já que não posso entregar todo o filme e nem o comics -- afinal, com o revival, o pessoal tá relendo como se fosse novidade -- faço um comentário sobre pessoas e cinema:


VOCÊS NÃO TÊM NOÇÃO, NÃO, Ô???!!

Cara, claro, vai quem quer e quem pode -- infelizmente -- pagar ao cinema. Mas, por ser um filme de super-heróis e baseado em quadrinhos, não quer dizer que é para crianças, "livre para todos os públicos". Watchmen é um gibi adulto, antes de tudo. Tem, sim, cenas de violência brutal, tentativa de estupro, sexo e outras questões que mesmo adultos -- considerando o que temos, hoje, nesse sentido, de tipo de gente... -- deveriam assinar termos de conduta para ter acesso. Aí, você tá lá no seu assento, no cinema, vê um casal entrando com seus dois filhos -- ambos com menos de 12 anos -- e, daqui a pouco, tá a Spectral e o Coruja transando. Pô, a cena ficou linda (E a Malin, como eu já disse, tem um corpããããooo...), mas crianças não precisam e nem tem "aparato" para lidar com isso. Depois, viram uns taradinho e a culpa é da escola... Aff...
Sem falar nas mutilações do Rorschach, mas, como dizem, "violência nem é nada". ¬¬

Porém, a despeito desses doido no cinema, é um filme magnífico. E merece respeito.







Um comentário:

  1. Isso é praticamente uma dissertação de mestrado sobre Watchmen!

    Eu gosto de shoppings. Sou meio perua, isso justifica.

    Os personagens ficaram muito bem caracterizados, de fato. Foda demais. O mais irritante é que, no final, eu fiquei meio que concordando com o Veidt! O lance dele é bem "os fins justificam os meios", mas compreendi o que ele fez. Dei uma dr Dr. Manhattan, haha. Pensei assim: "fuck, he's got a point".

    As conexões com os acontecimentos históricos ficaram bem bacanas tb. Achei massa demais as referências artísticas... o beijo da Silhouette com a enfermeira remete a uma foto super famosa, e aparece o Andy Warhol tb, com um quadro do Coruja. Eu ri alto nessa hora!

    Sobre as mulheres... é, elas são gatas mesmo, admito. A Carla Gugino (Spectral mãe) é meio que amiguinha do Zack Snyder, ela fez Sin City tb. A Malin é bonita, mas acho que o visual impressionante dela ficou mais por conta da maquiagem... cara, eu que sou mulher vejo bem essas coisas: eram QUILOS de base e pó compacto, haha! Agora, a Silhouette... ela é muito style mesmo, até no nome. O fato dela ser lésbica ajuda um bocado pro público masculino, né?

    Achei o Dr. Manhattan foda. Fiquei com tanta raiva dele no filme quanto na HQ. E o efeito azul ficou muito bom mesmo!
    Adorei o Comediante. Ele é escroto e ponto final, não tentam justificar isso. Foda.
    O Rorschach... sem palavras. Sou apaixonada por ele eternamente! Aquele ator teve a manha demais, me ganhou.
    Cara, achei meio sem sentido colocar a (ou "o"?)Bubastis. Na HQ é até bacana, mas ficou meio nada a ver no filme... lembrando que nem todo mundo leu a HQ, né? Eu achei doido, mas muita gente ficou "wtf?".

    Achei que ficou muito bem adaptado, fizeram um trabalho excelente. Gostei do final. Acho que o original não pegaria bem no cinema (eu ia achar muito doido, mas tô tentando pensar como alguém que não é fã da HQ...).

    Agora, quanto a pais levarem suas criancinhas... Watchmen é claramente, obviamente, explicitamente, escancaradamente adulto. Só um imbecil levaria uma criança. HQ já deixou de ser coisa de criança faz tempo, e os filmes que foram lançados reafirmaram isso. Acho bacana.

    Enfim... comentei tudo! Ufa!
    Bom ver que alguém ficou tão empolgado quanto eu!

    Beijo grande :*

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